Uma breve história da Cannabis medicinal

Ao longo dos anos, a cannabis tem sido utilizada para diversos fins medicinais, desde o tratamento de condições como dor crônica e epilepsia até seu uso no alívio de sintomas em pacientes com câncer. Neste artigo, vamos abordar uma breve história da cannabis medicinal, destacando os principais marcos e avanços neste campo.

O início do uso medicinal da cannabis

O registro mais antigo do uso de cannabis para fins medicinais remonta à China antiga, por volta de 2700 a.C. O livro de texto médico chinês mais antigo conhecido, chamado “Shennong Ben Cao Jing”, compilado pelo imperador Shennong, menciona a planta como um tratamento para várias doenças. Este livro descreve a cannabis sendo usada principalmente como:

  • Remédio para a dor;
  • Alívio para constipação;
  • Tratamento para asma;
  • E afrodisíaco.

Na mesma época, a Índia também fazia uso da cannabis em medicina tradicional Ayurveda, onde era usada para tratar insônia, dores de cabeça e problemas digestivos.

Cannabis na Grécia e Roma antigas

Os gregos e romanos também utilizavam a cannabis em suas práticas médicas. No século I d.C., o médico grego Dioscórides escreveu sobre a cannabis em seu tratado de farmacologia, “De Materia Medica”, onde a planta foi citada como um remédio para dor e inflamação.

Por sua vez, o médico romano Galeno descreveu a cannabis como um analgésico e mencionou seu uso para tratar dores no ouvido e problemas intestinais. A planta também era conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas.

O uso da cannabis na Idade Média

Durante a Idade Média, o uso medicinal da cannabis continuou a se expandir com os avanços na medicina. Os árabes foram particularmente interessados em suas aplicações terapêuticas, utilizando-a para tratar condições como febre, inflamação e doenças oculares. Além disso, a cannabis também foi explorada pelos persas, que registraram seu uso como anestésico e sedativo.

Leia também:  Cientistas da UFRJ identificam canabidiol em planta típica do Brasil

Cannabis na Europa medieval

Na Europa medieval, a cannabis era prescrita principalmente para aliviar a dor de várias condições, como reumatismo e gota. No século XII, a abadessa alemã Hildegard von Bingen escreveu sobre a planta em seu livro “Physica”, onde mencionava a cannabis como um tratamento para doenças circulatórias e lesões externas.

A entrada da cannabis na medicina ocidental moderna

No século XIX, a cannabis começou a ser incorporada na medicina ocidental moderna, graças aos estudos e observações de médicos e pesquisadores europeus. O médico irlandês William Brooke O’Shaughnessy é creditado por introduzir a cannabis na medicina ocidental após suas pesquisas na Índia. Em 1839, ele publicou um artigo sobre os efeitos terapêuticos da planta, incluindo seu uso como analgésico e relaxante muscular.

Após o trabalho de O’Shaughnessy, outros médicos e farmacêuticos começaram a estudar a cannabis mais aprofundadamente, levando ao desenvolvimento de vários medicamentos à base de cannabis para tratar condições como:

  1. Dores crônicas;
  2. Epilepsia;
  3. Doença de Parkinson;
  4. Glaucoma;
  5. E problemas psiquiátricos.

O caminho rumo à legalização da cannabis medicinal

No século XX, a cannabis enfrentou crescente estigmatização e proibição em muitos países, incluindo os Estados Unidos, onde foi classificada como uma substância controlada em 1970. No entanto, nas últimas décadas, houve um renascimento do interesse pela cannabis medicinal, motivado principalmente pela necessidade de novos tratamentos para doenças como câncer, esclerose múltipla e epilepsia.

A partir da década de 1990, diversos países começaram a flexibilizar suas leis referentes à cannabis medicinal, permitindo seu uso para pacientes com condições específicas. Hoje, muitos países já legalizaram o uso da cannabis para fins medicinais, incluindo Canadá, Alemanha e Israel, além de diversos estados nos EUA.

A história da cannabis medicinal é rica e diversificada, demonstrando seu potencial terapêutico ao longo dos séculos. À medida que as pesquisas continuam a avançar e o conhecimento sobre os compostos da planta se expande, espera-se que novos tratamentos e aplicações medicinais surjam no futuro próximo, beneficiando ainda mais os pacientes em todo o mundo.